A disputa sobre em qual agenda Bolsonaro vai começar a gastar suas fichas

Bolsonaro e Vélez

O filósofo Olavo de Carvalho é o padrinho das duas mais surpreendentes escolhas na equipe ministerial de Jair Bolsonaro. Emplacou o embaixador Ernesto Araújo no Itamaraty e o filósofo Ricardo Velez Rodrigues na Educação à revelia dos núcleos militar e político, os mais influentes na montagem do novo governo.

Num time em que as estrelas são os superministros Paulo Guedes e Sérgio Moro, Olavo é mais do que um poderoso ministro sem pasta. Ele não quis entrar no governo, mas quer influir na sua formação e em suas diretrizes ideológicas. “Eu nunca serei funcionário público. Posso ser um consultor pessoal do presidente, e cobrarei 100 reais por mês”, disse em entrevista a O Globo.

Com suas ideias e pregação política, Olavo de Carvalho encanta a direita emergente no país como o clã Bolsonaro e sua turma. Todos se dizem fãs incondicionais. Mesmo após a vitória nas eleições, esse pessoal continua com a faca nos dentes e, em parceria  com grupos evangélicos mais exaltados, quer apressar a aprovação de sua agenda no Parlamento.

Olavo de Carvalho/ Divulgação

A ponta de lança dessa mobilização é o projeto Escola sem Partido, há semanas disputado no grito contra parlamentares de esquerda em uma comissão especial na Câmara dos Deputados. Apesar de saberem que no Parlamento a ser empossado em fevereiro eles serão muito mais fortes nessa batalha, políticos conservadores que não foram reeleitos, com o apoio dos que se reelegeram, querem deixar sua marca na tramitação do projeto. Jogam para suas bases.

Depois de terem obtido sucesso no veto à escolha para o Ministério da Educação do educador Mozart Neves Ramos, do Instituto Ayrton Senna, eles ganharam fôlego. Mas ainda não sabem  em qual  agenda o governo Bolsonaro vai começar a apostar o cacife conquistado nas urnas.

Moro e Guedes

Conselheiros mais moderados de Bolsonaro, com a concordância até de pastores evangélicos, como Silas Malafaia, sugerem que a ambiciosa agenda econômica de Paulo Guedes deveria ter prioridade na largada do novo governo. Entendem que ela é decisiva para o sucesso ou o fracasso da gestão.

Quem também puxou o freio de mão foi Olavo de Carvalho, que gravou um vídeo para dar um recado “aos amigos fundadores do Escola sem Partido”. Ele  considera prematura a aprovação de um projeto de lei com regras para Escola sem Partido antes de uma avaliação baseada em dados sobre o tamanho da tal influência do esquerdismo nas escolas e universidades. “Acho que colocaram a carroça na frente dos bois. Nós não temos uma visão quantitativa da hegemonia comunista no ensino, ainda estamos na esfera do argumento teórico”.

A dúvida é se essas ponderações vão ajudar a baixar a bola nessa guerra de palavras de ordem e abrir espaço para uma discussão efetiva sobre como melhorar a Educação no país, que vai muito mal das pernas. O problema é que para muita gente em campo o mais importante é jogar para a torcida.

A conferir.

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