Dois filhos de Bolsonaro em pé de guerra contra aliados do pai no PSL

O deputado Eduardo e o pai presidente Jair Bolsonaro - Foto Orlando Brito

Os filhos de Jair Bolsonaro continuam com a corda toda. O senador eleito Flavio Bolsonaro, mesmo antes de assumir o mandato, vem fazendo o dever de casa, conhecendo e sondando colegas sobre a eleição para a presidência do Senado. Tem atuado com discrição. De público, fez restrições apenas à candidatura de Renan Calheiros ao comando da Casa, mesmo assim em tom respeitoso, bem diferente da agressividade habitual dos irmãos.

Eduardo Bolsonaro. Foto Paola Orte, Agencia Brasil

‘Depois de um périplo pelos Estados Unidos e Colômbia, em que se apresentou como porta-voz da nova política externa  brasileira, o deputado Eduardo Bolsonaro retornou a Brasília e não gostou do que viu. Percebeu que, durante sua viagem, perdeu espaço na articulação política interna. Como é praxe na família, pouco depois das duas da tarde dessa quarta-feira (5) , ele mandou recado por intermédio de um post no Twitter: “Apenas os deputados que estão exercendo mandato têm autonomia para fazer articulações no Congresso. Agradecemos o apoio e a compreensão dos deputados eleitos pelo PSL”.

Não citou nomes. Dizem políticos ligados ao futuro governo que Eduardo Bolsonaro está incomodado com a desenvoltura da colega Joice Hasselmann, que não apenas participa das conversas com outros partidos, como também faz registro delas em tempo real nas redes sociais. Foi o que ela fez na terça-feira (4) na reunião da bancada tucana com Onyx Lorenzoni prévia para o encontro de ontem com Jair Bolsonaro no Centro Cultural do Banco do Brasil.

Joice Hasselmann

Desde a campanha eleitoral, Eduardo Bolsonaro e Joice de vez em quando se estranham. Mas ela não passa recibo. Foi presença marcante na reunião da bancada do PSDB  com Jair Bolsonaro, a ponto de incomodar alguns participantes por seu protagonismo. Saiu da reunião dizendo que existe “grande possibilidade” de se tornar líder do governo.

O vereador Carlos Bolsonaro, o fio mais desencapado do clã, depois de comprar muitas brigas em Brasília, bater de frente com o futuro ministro Gustavo Bebbiano, anunciou que estava retomando o mandato na Câmara Municipal e não mais cuidaria das redes sociais do agora presidente eleito. Mas continuou a acionar sua metralhadora giratória. Pouco antes da seis da tarde dessa quarta-feira, ele voltou a disparar pelo Twitter.  Como sempre, pegou pesado.

O alvo dessa vez foi o deputado eleito Julian Lemos, vice-presidente do PSL, e que desde a campanha se apresenta como coordenador de Jair Bolsonaro no Nordeste. “Julian Lemos, a pessoa que tem se colocado como coordenador de Bolsonaro no Nordeste, não é e nunca foi!. Detalhes creio que todos sabem!”.

Nos detalhes é que mora o diabo. Julian Lemos é acusado de agressão à irmã e a  sua ex-mulher e por três vezes foi alvo da Lei Maria da Penha. Em um deles, chegou a ser preso em flagrante. Ele nega as agressões.  Por volta das 10 da noite, o deputado respondeu a Carlos Bolsonaro via Instagram.

Postou um vídeo em que Jair Bolsonaro dizia que o conhecia há quatro anos e que ele era seu coordenador no Nordeste e seu candidato na Paraíba. Fez ainda questão de dar um troco, pondo a família no meio, mas acenou com uma bandeira branca:

Carlos Bolsonaro

“Na minha casa o que meu pai falava era respeitado. Na minha casa, eu aprendi a honrar pai e mãe, só assim eu poderia ser feliz e ter paz. Hoje percebo que tenho filhos e uma esposa linda e vivo em paz. `Um homem quando está em paz não quer guerra com ninguém. Se for possível, quando depende de vós, tenha paz com todos os homens`. Romanos 12:08”.

Não deu certo. O barraco seguiu noite adentro. “Não adianta postar vídeo antigo para se esconder atrás de meu pai, que apenas colaborou com sua campanha na Paraíba…Sugerimos parar de aparecer atrás dele por algum motivo como faz sempre”, tuitou Carlos Bolsonaro.

Aí Julian Lemos também respondeu pelo Twitter: “Prezado Carlos, não vou expor seu pai, que é meu amigo. Se você não o respeita, eu sim, um vídeo novo resolveria? Eu tenho. Mas não é este o caso, não ataque gratuitamente os soldados de seu pai sem motivos. Essa guerra é longa e cada soldado é importante e eu sou um deles, quer você queira ou não. Por respeito a ele, irei parar essa discussão. Espero que que encontre paz no seu coração. Você não é meu alvo nem meu inimigo. Quanto ao Nordeste, pouco sabes, nunca pusestes os pés lá”.

Na equipe de transição, inclusive entre futuros ministros, a avaliação é de que, se não forem contidos, Carlos e Eduardo ainda vão dar muita dor de cabeça para o novo governo.

A conferir.

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