Há 51 anos, o famigerado AI-5

Soldado monta guarda em frente ao Congresso, fechado pelo AI-5 em 1968 -Foto Orlando Brito

A noite de sexta-feira 13 de dezembro de 1968 ficou marcada como um dos momentos mais sombrios para a democracia brasileira.

O governo do marechal Costa e Silva decretava o AI-5, Ato Institucional Número Cinco, que fechou o Congresso Nacional, cassou o mandato de vários parlamentares, permitiu a tortura, estabeleceu a censura à imprensa, ao teatro e ao cinema.

E também restringiu várias liberdades, por exemplo, a reunião de pessoas fossem quaisquer os motivos. Com a Câmara e o Senado postos em recesso, Costa e Silva passou a governar com Decretos-Lei.

Eu era um jovem fotógrafo e cobria para o jornal O Globo os assuntos da política. Senti que a notícia estava na Presidência da República, mas seu efeito se mostraria no Congresso. Atravessei o Eixo Monumental, a avenida que separa o Palácio da Câmara e Senado.

No Planalto não havia nenhuma foto a ser feita, a não ser a de um contínuo aborrecido distribuindo aos repórteres as cópias do decreto presidencial.

Parlamentares e jornalistas ouvem pelo rádio a decretação do AI-5 – Foto Orlando Brito

Eu estava certo. Numa salinha do térreo abarrotada de senhores atônitos, consegui ainda fotografar alguns deputados ao pé do radinho de pilhas ouvindo a leitura da intervenção na Constituição feita pelo então ministro da Justiça, Gama e Silva. Entre eles, estavam os presidentes da Câmara, da Comissão de Justiça e o líder do governo, Zezinho Bonifácio, Djalma Marinho e Geraldo Freyre, além de jornalistas e funcionários.

Logo em seguida, todos tiveram de abandonar o edifício do Congresso. Câmara e Senado Federal só foram reabertos dez meses depois para referendar, em eleição indireta, a escolha do novo presidente da República, o general Garrastazú Médici, no lugar de Costa e Silva, acometido por uma embolia cerebral.

Orlando Brito

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