Paris está em chamas? Paris está em chamas!

Conflito no Arco do Triunfo. Reprodução da tv

O presidente Emmanuel Macron retorna a Paris após a reunião do G-20 em Buenos Aires e encontra seu país em “pé de guerra”. Mais de 70 mil manifestantes, os Coletes Amarelos, saem às ruas para protestar contra as medidas econômicas de seu governo, especialmente o aumento do preço dos combustíveis. A capital francesa é novamente palco de depredações, violência, greves, destruição e o confronto com a polícia resulta em prisões e feridos.

A manifestação dos coletes amarelos em Paris. Reprodução da tevê

Não é a primeira vez e nem será a última que as manifs tomam conta de Paris. Uma delas, bem marcante, foi por exemplo, em maio de 1968, quando um movimento dos estudantes que exigiam reformas no sistema educacional cresceu a ponto de levar 9 milhões de pessoas às ruas e culminou com a queda, um ano depois, de um dos maiores líderes da história da França, o presidente marechal Charles De Gaulle.

Reparando agora na revolta dos Gilets Jaunes, podemos nos remeter ao lendário filme que conta outros momentos terríveis de Paris, tão costumada a ser cenário de manifs.

Leslie Caron e Orson Welles, que no filme representa o embaixador sueco, deixam o Hotel Meurice, quartel-general dos nazistas em Paris

“Paris está em chamas?” é o título de um formidável filme, levado ao público em 1966. Dirigido por René Clément, narra os dramáticos tempos em que a capital francesa vivia seus últimos dias dos quatro anos da ocupação pelas tropas nazistas, nos estertores da Segunda Guerra Mundial. Além de histórico é emocionante. O roteiro é de dois nomes de peso: o escritor Gore Vidal e o cineasta Francis Ford Coppola. O elenco igualmente, composto por atores e atrizes de respeito. Yves Montand, Jean Paul Belmondo, Alain Delon, Kirk Douglas, Leslie Caron, Anthony Perkins, Glen Ford, Orson Welles, Michel Piccoli e outras estrelas do cinema.

Adolf Hitler faz pose em frente à Torre Eiffel

O título advém da pergunta que Adolf Hitler fez pelo rádio ao comandante das tropas alemãs, o general Dietrich Von Sholtitz, chefe de seu exército na capital francesa, cujo quartel-general era o lendário Hotel Meurice, a poucos metros do Museu do Louvre.

Yves Montand

Com a derrota praticamente certa, o Führer determinou que a cidade fosse completamente incendiada, a começar pelos monumentos e edifícios mais simbólicos, a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, os museus, teatros, tudo. Von Sholtitz, porém, partia em fuga, às pressas. Enquanto admirava embevecido a beleza da cidade, ouvia a mensagem de seu líder, recusava-se a respondê-la e a executar sua ordem. Ficou no ar a pergunta de Adolf Hitler: – Paris está em chamas?

A histórica foto do marechal De Gaulle na reconquista de Paris, na Avenida Champs Élysèes, com o Arco do Triunfo ao fundo

No dia 25 de agosto de 1945, os soldados dos países aliados entravam em Paris, libertando-a. Com a rendição dos alemães, o marechal Charles De Gaulle voltava do exílio na Inglaterra e entrava glorioso na capital da França. Desfilava na Avenida Champs Élysées, com o Arco do Triunfo ao fundo. Paris não ardeu em chamas. Até hoje seus monumentos e obras de arte estão em pé, como símbolo de cultura, liberdade e democracia.

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